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Paula Guimarães

Retratos do Teatro Brasileiro


HISTÓRIA


A Região Norte do Brasil teve um crescimento econômico especial durante o Ciclo da Borracha, quando esse produto era exclusivo da região amazônica e o Brasil era o seu principal exportador.


Belém-PA e Manaus-AM eram, nessa época, as cidades brasileiras mais desenvolvidas e mais prósperas do país, de forma que muito era investido em sua infraestrutura e na construção de edificações luxuosas. Manaus, por exemplo, foi a segunda cidade brasileira a ter eletricidade na iluminação pública. E Belém construiu, nessa época, o Cinema Olympia, o cinema mais antigo ainda hoje em funcionamento no país. Ambas as cidades tiveram bondes elétricos, grandes avenidas e edifícios luxuosos antes que o sul e sudeste do Brasil.


Em relação ao entretenimento, o Ciclo da Borracha nos rendeu dois teatros maravilhosos que representam bem a riqueza do país naquela época: O Teatro Amazonas, em Manaus, e o Theatro da Paz, em Belém.



Foto: Exterior do Teatro Amazonas

O Teatro Amazonas, um dos mais importantes monumentos brasileiros, foi inaugurado em 1896 em Manaus. Ele possui um estilo renascentista em seu exterior e uma cúpula com detalhes únicos em mosaico e vidro vindos da França. Esse teatro já foi palco inspirador de obras literárias, filmes nacionais e estrangeiros e, claro, inúmeras peças de teatro.



Foto: Exterior do Theatro da Paz

O Theatro da Paz é ainda mais antigo: foi fundado em 1878 na “Capital da Borracha” da época, Belém. Inspirado no Teatro Scalla de Milão, na Itália, o Theatro da Paz possui acústica perfeita, piso em mosaico de madeiras nobres, afrescos nas paredes e tetos e outras decorações revestidas com folhas de ouro. Este é o maior teatro da região norte e um dos mais luxuosos do Brasil, sendo um dos nossos Teatros-Monumentos.


Um fato curioso é que o Theatro da Paz e o Teatro Amazonas foram decorados pela mesma pessoa, o italiano Domenico Angelis.



Foto: Interior do Teatro Amazonas

Com capacidade para 701 pessoas, o Teatro Amazonas abriga diversos eventos anuais: o Festival Amazonas de Ópera, Festival Amazonas de Jazz, Festival Amazonas de Dança, Festival Amazonas de Música, Festival Amazonas de Teatro da Amazônia e Amazonas Film Festival, entre outros.


Entre os artistas do Teatro Amazonas, está a Orquestra Filarmônica do Amazonas, a qual ensaia e apresenta-se ali regularmente. A programação dos próximos meses pode ser visualizada no calendário de eventos do Teatro.




Foto: Interior do Theatro da Paz

Hoje, o teatro de Belém tem capacidade para 900 pessoas e é palco da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz, criada em 1996. Entre seus eventos anuais estão o Festival de Ópera do Theatro da Paz, o Festival Internacional de Música do Pará e o Festival Internacional de Danças da Amazônia.

Para conferir os próximos eventos, é só acessar a agenda do teatro.


ESTATÍSTICA


Pensando nessa riqueza cultural do Norte, perguntamos aos moradores do Amazonas e do Pará se já visitaram o teatro de sua respectiva capital.

Proporcionalmente, quem mais visitou o teatro é a população do Amazonas: praticamente metade (49,8%) dos amazonenses já foi ao Teatro Amazonas, enquanto que apenas um quarto (25,3%) dos paraenses já foi ao Theatro da Paz.

Gráfico: Perfil de quem já visitou o Teatro x Sexo

Em relação ao perfil dos visitantes, é interessante notar que o público do Teatro Amazonas é ligeiramente mais feminino, enquanto no Theatro da Paz os visitantes são em maioria masculina.

Gráfico: Perfil de quem já visitou o Teatro x Idade

Quanto à faixa etária, o público amazonense é mais novo: ele é composto majoritariamente pela população de 25 a 44 anos (51,5%). Já no Pará, a visitação ao teatro se distribui mais equitativamente entre todas as faixas acima dos 25 anos (91,3%).


A pesquisa também mostrou que a maioria das pessoas que frequenta o teatro, para ambos os estados, possui, no mínimo, Ensino Médio Completo. Entre aqueles com grau de escolaridade Superior Completo, 82% já visitaram o Teatro Amazonas; no Pará, são apenas 49% os que já foram ao Theatro da Paz.


Entre as pessoas que nunca visitaram nenhum desses teatros, predominam aquelas com renda inferior a 2 salários mínimos: 75% no Amazonas e 78% no Pará. Esses últimos dados são indicativos de que o teatro continua visto como uma cultura mais elitista.

Gráfico: Moradores da Capital x Visita ao Teatro

Gráfico: Moradores do Interior do Estado x Visita ao Teatro

Por fim, os visitantes da capital dominam em ambos os estados: os manauenses visitam 1,45 vezes mais o teatro da capital que os moradores do interior e os belenenses, 3,06. No Amazonas, 51,5% dos moradores da capital já visitaram o teatro de Manaus, contra 35,4% do interior. Ao passo que 56,4% dos moradores de Belém já visitaram o Theatro da Paz, contra apenas 18,4% dos paraenses do interior.


A própria geografia ajuda a explicar esse fato: é muito mais fácil para quem mora em Manaus ou Belém se deslocar até os teatros enquanto a viagem do interior à capital, nesses estados, pode ser bem longa, sendo necessário até mesmo percursos por rio para algumas cidades.


E você, já visitou algum destes teatros?

Tem o hábito de ir ao teatro?


Para mais informações sobre a programação dos teatros, acesse: Teatro Amazonas / Theatro da Paz


Nestas pesquisas foram entrevistados 1.605 indivíduos, sendo 603 moradores do estado do Pará e 1.002 do estado do Amazonas. Todas as entrevistas foram realizadas entre os dias 24 e 29 de junho de 2017. A pergunta foi: “Você já visitou o Teatro da Paz/Teatro Amazonas?”. (Levando em conta ambos os teatros como monumentos das cidades e pontos turísticos, foram considerados “visitantes” todos aqueles que já foram ao teatro, sem necessariamente ter assistido a uma peça ou espetáculo). A margem de erro máxima para os resultados globais é de 3,9 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro de um intervalo de confiança de 95,0%.


Imagem: Cortina de Teatro Fechada

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