Geração Smartphone? (1 de 2)
Não há como negar: a internet móvel e os celulares smartphones vieram para transformar as nossas vidas. Através deles, nós nos entretemos, nos conectamos com o mundo e nos mantemos informados. Podemos explorar conteúdos infinitos, relembrar momentos e nos comunicar com amigos distantes.
De fato, eles são um grande facilitador na aquisição de conhecimento, transmissão de pensamentos e distração em momentos de tédio. Mas, a partir de que ponto isso passa de mera comunicação e distração para um vício incontrolável?
Hábitos de uso de smartphones
A Motorola, como parte de sua campanha “Phone-Life Balance”, em parceria com a Dra. Nancy Etcoff da Universidade de Harvard e do Departamento de Psiquiatria do Hospital de Massachussetts, promoveu em 2017 um estudo online pela empresa Ipsos para avaliar alguns hábitos em relação ao equilíbrio entre o uso de smartphones e relacionamento interpessoal. O levantamento contou com a participação de 4.418 usuários de smartphone entre 16 e 65 anos dos Estados Unidos, França, Índia e Brasil - com aproximadamente 1.100 pessoas de cada país.
A principal conclusão do estudo é que o mundo online tem tomado conta da vida das pessoas se sobrepondo às relações humanas “face-a-face”: 33% dos entrevistados disse priorizar o uso do aparelho em oposição a passar tempo com pessoas com que se importa; 48% fica com o smartphone próximo a si durante um jantar acompanhado, ou numa reunião; 49% acredita que olha o celular mais vezes do que é necessário ao longo dia e 44% diz que se sente compelido a checar o celular o tempo todo.
Também é interessante notar que 60% dos entrevistados mantém o smartphone sempre próximo a si na hora de dormir e 59% o verifica quando se sente sozinho.
No entanto, os entrevistados reconhecem que não é tão saudável estar conectado o tempo todo: 60% acredita que é importante ter uma vida separada dos celulares; 35% diz passar tempo demais utilizando smartphones; 65% admite entrar em pânico quando não acha o celular e 34% diz que seria mais feliz se passasse menos tempo online. Além disso, 86% das pessoas se sente magoada quando a outra começa a utilizar o celular no meio de uma conversa.
Podemos ver como os smartphones se tornaram algo constante em nossas vidas e estão ditando a maneira e o ritmo dos relacionamentos interpessoais atualmente. Especialmente no que diz respeito à socialização dos jovens: a maior parte de sua comunicação se dá através desses aparelhos.
Os números são sempre maiores para a Geração Z, ou iGen, (nascidos entre 1995 e 2012), que já nasceu com a internet e o celular na mão e teve a adolescência marcada pela disseminação dos smartphones. 76% desses jovens entra em pânico ao perder o celular e 60% sente-se ansioso ao deixar o telefone em casa.
Além disso, 53% afirma que, se fosse uma pessoa, o smartphone teria a posição de “melhor amigo” em suas vidas.
Essa é a geração que passa mais tempo nos smartphones por motivos pessoais (41% o faz por 4h ou mais por dia). Apesar disso, entre os iGen, 44% acredita passar mais tempo do que o adequado nos smartphones.
40% dos jovens reconhece que gostaria de estar juntos de pessoas que considera importantes, mas acaba escolhendo passar esse tempo no celular e 35% diz já ter ignorado as pessoas com quem estava para usar o celular. Além disso, mais da metade dos jovens percebe que utiliza o smartphone quando deveria estar fazendo outras coisas, como dormir (55%), ou estudar/ trabalhar (53%), e que o uso do smartphone impede que sejam feitas outras tarefas importantes (40%).
No Brasil
Das quatro populações entrevistadas, os brasileiros são os que mais passam tempo em frente ao celular: 68% diz utilizá-lo constantemente e 36% o prioriza ao invés das relações interpessoais. 33% dos brasileiros acredita ficar horas demais utilizando o smartphone, 42% se sente compelido a verificar o celular repetidamente e 56% fica desesperado pela perda do celular.
Esses números nos fazem refletir sobre quanto tempo temos gastado apenas olhando para as telas. E sobre o quanto estamos deixando de fazer atividades relevantes e necessárias para uma vida saudável para gastar com atividades digitais que, em sua maioria, são passivas.
Outra reflexão, e talvez a principal, que este estudo traz é essa troca das relações interpessoais pelas relações intermediadas pelo mundo digital. Ao que parece, estamos escolhendo passar menos tempo com as pessoas próximas para ficar mais tempo no smartphone – seja nos conectando com outras pessoas, ou não. O que acontece quando passamos a preferir a conexão através do mundo online em detrimento do vínculo com as pessoas ao nosso redor? E como perceber que o ponto entre o uso saudável e o vício dos smartphones foi ultrapassado?
Qual a sua opinião sobre o uso dos smartphones?
Embora possamos refletir acerca destas possíveis consequências, este estudo da Motorola não tem por objetivo demonstrar se é realmente prejudicial esse maior uso de smartphones.
Em nosso próximo post apresentaremos um outro estudo que correlaciona o maior uso de tecnologias com índices de felicidade, satisfação de vida e saúde. Confira: "Mais Felicidade, Menos Smartphone?"
Para maiores informações sobre o estudo, acesse o relatório da Ipsos, de onde todos os gráficos aqui apresentados foram recriados em tradução livre.